Não há maior felicidade que uma família reunida à mesa. São as conversas que se sobrepõem, uns que tentam falar mais alto que os outros, as mesmas histórias de sempre, das pessoas que nos conhecem desde que largamos o penico e a chucha, dos sorrisos e da barriga cheia. Infelizmente nunca o tive. A minha infância foi sempre a três, sem outras crianças para brincar, sem confusões, sem almoços que se estendem até ao jantar. Mas felizmente tenho o discernimento para perceber que isso faz falta, muita falta. Se tenho uma família pequena? Não. Não tenho. Mas tenho uma mão cheia de zangas familiares, candeias às avessas e um sem fim de gente amuada e que não está para se chatear. Não vou alimentar isso. Muito pelo contrário. Detesto ser filha única, é daquelas coisas que me apertam o coração, que me deixam triste, triste, triste. Se depender de mim vou ter sempre a casa cheia, de gente, de comida, de miúdos a correr pelos corredores, de animais de estimação, não há nada pior do que chegar a uma casa vazia. Sem vida, sem barulho, sem gritos de crianças. Quero uma familia grande, quero avós, tios, sobrinhos, afilhados, filhos, cães e gatos. quero tudo a que tenho direito. E só eu sei o QUANTO começo a querer tudo isto.
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