Há quem diga que as
coisas que nos dão mais luta nos trazem mais prazer. Não sei até que ponto
posso concordar com isso. Não sei até que ponto o aperto no peito e a sensação
de esmagamento são compensados com o que quer que seja. Acordar de madrugada,
com a cabeça a rebentar e sem conseguir respirar não é uma sensação que demore
a esquecer. Fingir falinhas mansas para nos darem aquilo a que temos direito,
mas que de algum modo parece ser um favor do tamanho do mundo. Não ser eu.
Basicamente é o que mais me custa. Não dar respostas certeiras, que me enrolam
a língua mas não posso deixar sair. Não estabelecer os meus limites e fazer-me
ouvir. Porque agora é moda ser-se low profile, pouco barulho e pouca agitação,
se não quiseres temos mais duzentos à porta. Mas depois há as queixas
constantes de estarmos a desenvolver jovens sem opinião, mais uma ovelha no
meio do rebanho, sem ideais, sem moralismos, sem liberdade de expressão. São as
depressões da sociedade. Levar com um chefe frustrado, que ameaça em vez de motivar,
rebaixarmo-nos ao que devemos ser para pagar as contas e no final acabamos por
gastar tudo no psiquiatra porque estamos deprimidos, esgotados de lutar contra
nós mesmos todo o santo dia, tristes e com problemas familiares que não se
deixam ficar à porta de casa. E depois toda a gente tem um conselho, uma
palavrinha de conforto, uma sugestão. E é tudo muito bonito, vamos romper com o
que está instituído, dar o grito do Ipiranga, bater com a porta atrás de nós e
avançar de encontro ao futuro. Hum, hum. O futuro.
Este teu post fez-me recordar a minha última experiência profissional. Os últimos meses foram terríveis, algumas pessoas da equipa eram más/mesquinhas/falsas, a chefia péssima. Quando se aproximava o final do projecto, na incerteza da renovação ou não, só desejava que aquilo terminasse de vez. Ia ficar desempregada? Sim, mas não havia qualquer problema. Mas não há dinheiro que pague a minha sanidade mental. :)
ResponderEliminarPois, começo a achar que também não paga a minha Bunyssa.
ResponderEliminarObrigada pelas palavras sempre simpáticas :)
a inteligência emocional faz falta a muitos que se fazem valer das suas posições hierárquicas para rebaixar quem está abaixo na "cadeia alimentar". também já tive alguém que criticava só porque sim, qual birra de criança, e se ofendia se pedíssemos para sair "à hora". quando falta empatia nesta gente, resta-nos respirar fundo e procurar outros futuros. espero que encontres um que te faça feliz :)
ResponderEliminarObrigada Margarida, assim o espero :)
ResponderEliminaré o retrato de um país que tem pouco emprego para dar.
ResponderEliminarTambém no meu trabalho de vez em quando sou lembrada que tenho muita sorte por ter emprego. E assim remata qualquer conversa, quando vou para pedir alguma coisa que sinto que tenho direito.
Gostei do texto e identifiquei-me.