Passei apressada. Tinha ficado para trás perdida nas dezenas de imagens que queria registar. Apercebi-me de um movimento ao fundo ao qual não dei importância. Depois ouvi, muito baixinho aquela língua já familiar e completamente desconhecida. Voltei atrás. Quase engolido pela escuridão e sentado sobre uma das muitas pedras, um monge. Vestido de branco e sem cabelo era metade de mim. Um aspecto frágil que carregava dezenas de anos de castidade e devoção. Juntou as mãos e cumprimentou-me com um aceno de cabeça. Os olhos a brilhar, sem conhecerem maldade. Ao colo, muitas fitas coloridas. Levei a mão ao bolso e tirei 1 dolár. A única que tinha. Estendi-lha. Não sabia se levaria a mal ou qual o preço das pulseiras. Pegou-me na mão esquerda, prendeu a pulseira com três nós enquanto rezava baixinho. De olhos fechados, com os dedos trémulos, desenhou-me no pulso e soprou-me na testa. Depois chamou o meu amor, e repetiu todo o processo na mão direita. Senti um nó na garganta. Sermos tocados por alguém que já viveu tanto, numa terra tão distante, com vidas tão diferentes. Ali, no meio de um templo abandonado, senti que é este o propósito de viajar. As fotografias guardam-se, as compras oferecem-se, mas os momentos vivem dentro de nós para sempre. Aquele gesto vai morrer comigo.
Que momento bonito :)
ResponderEliminarDe cortar a respiração!
ResponderEliminarDeve ter sido um momento tão tocante. E sim é isso mesmo, são estes detalhes que ficam connosco para sempre.
ResponderEliminarE a lágrima caiu por estes lados....que descição tão linda e que episódio tão tocante! Quem sabe se esse monge não te vai trazer algo de novo ;)
ResponderEliminarAté me arrepiei com este momento tão doce e delicado :)
ResponderEliminarhttp://pontofinalparagrafos.blogspot.pt
Até me arrepiei com este momento tão doce e delicado. :)
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