Penso em muitas coisas que não escrevo aqui. Nunca seriam socialmente aceites. Coisas que só admitimos para nós próprias, que os outros tentam desculpar com as descargas hormonais ou a ansiedade do momento. Coisas que soam ingratas e egoístas. Há momentos, que não chegam a ser dias sequer, apenas momentos. Duram alguns minutos, muitas vezes desencadeados por palavras ou gestos sem sentido, em que me pergunto se estou preparada para isto. Se é a altura certa. Se conseguirei a paz de espiríto necessária para não largar tudo e pensar só em mim. Logo depois sinto-te mexer dentro da minha pele e sinto-me a pessoa mais abençoada do mundo, cheia de amor, preparada para tudo. Acabo por me sentir mal comigo mesma devido às limitações que me impões, e mal comigo mesma por ser egoísta a esse ponto. É como uma montanha russa de emoções. Ora tudo me parece errado ou demasiado certo. A verdade é que ninguém nos prepara para todas as alterações que vamos sentir, fisica e emocionalmente. Deixamos de ter o nosso corpo, de conseguir controlar as alterações que nele acontecem, começamos a ser tratadas por mãe. Deixei, pura e simplesmente, de ser a Joana e passei a ser a Mãe. É um estatuto interessante, mas ainda o sinto como redutor. Por fim, todos esperam que estejamos calmas, relaxadas, pacientes, com um brilho nos olhos, com todo o instinto que nos é inerente. E todos nos dizem que vai correr tudo bem, que saberemos sempre o que fazer, que é o melhor do mundo. E, mesmo assim, não é assustador saber que vem aí o melhor do mundo? E que somos nós que lhe estamos a dar vida? Que somos, na verdade as mães da próxima geração? Das próximas pessoas?
Olá Joana,
ResponderEliminarEu percebo aquele grupo de pessoas que sabem que querem ser mães, mas que ainda não ganharam coragem. Simplesmente porque não vejo a maternidade com todo o lado cor de rosa, bem pelo contrário.
o meu maior receio é de deixar de ser eu, a Marta. Sei que quero continuar a ser eu, a ter uma vida profissional e pessoal para além do meu filho. Por mais que ele seja a parte mais importante de mim...
E tenho um receio ainda maior (é mais estupido) que é: "e se eu não sentir nada por aquela criatura? Não posso simplesmente desistir e devolver? E se eu afinal não nasci para ser Mãe?!"...!
Beijinho Joana
Marta
@sagadaemigracao
Quando penso em ser mãe um dia são exatamente esses pensamentos que me vêm à cabeça... Fico triste por n poderem ser ditos... Quero muito ser mãe mas com certeza não será só um mar de rosas...
ResponderEliminarSer mãe não é um mar de rosas, mas também não posso negar que é um amor que nos enche o coração e que aquela coisinha minuscula é o nosso coração a bater fora do peito. Temos muitos medos, e sim é verdade não poderemos devolver aquele ser minusculo que temos nos braços, mas mesmo que isso fosse possível não íamos querer. Mesmo que a maior parte não diga todas temos os mesmo medos de não ser capazes e de falhar. Quando nasce um bebe nasce uma mãe. De uma mãe de uma princesa de 5 anos com o(a) segundo(a) a caminho e com os mesmo medos como se fosse a primeira.
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