Aceitar o sucesso dos outros custa muito. Viver com ele torna-se um jogo de gigantes. Um passo em falso e desmorona-se tudo o que conseguimos equilibrar nos últimos dias. E não estou a falar de inveja. Estou a falar de injustiça. E também não estou a falar da injustiça de merecem aquilo pelo qual não trabalharam, não. Estou a falar da injustiça da vida. De uns terem de lutar tanto por metade do que os outros têm, ou menos. Sim, é verdade. Quem já sofreu tem sempre esta angústia presa no coração. O aperto que não afrouxa sempre que olhamos para trás. Sempre que fazemos uma mala, calçamos uns ténis ou percorremos a autoestrada com destino ao sul. São momentos marcantes, que nos fazem crescer, mas agora apercebo-me que tal vez não seja para melhor. Depois de ter mudado a minha vida para mais de trezentos quilómetros da minha família e amigos, ter trabalhado para garantir um lugar num hospital que me fechou as portas, dos três meses passados no comboio das 6:30 h e das 23:00h e ter ficado com uns ténis pendurados no coração, à espera, até hoje. Depois de ter entregue toda a minha confiança, todo o meu potencial a uma empresa que todos os dias me mostra que afinal nada depende de mim. Nada dependeu de mim. E continua a não depender. Mantém a tua força, a tua coragem, a tua confiança, porque a vida elegeu-te para estares lá em cima. E fico feliz por isso, acredita. Mas não deixo de ficar triste pela minha me ter levado a confiança de já não acreditar que ela me possa libertar o coração.
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