A lua sobe
por entre as pás das hélices que cada vez giram mais depressa. Centenas de
pessoas passam entre mim e o meu destino. O mar agita-se com o vento e as
nuvens correm o mais rápido que conseguem até ao nascer do sol. Porque quando é
noite tudo se transforma. O que normalmente faz doer, dói um bocadinho mais, o
que parece longe, perde-se de vista e o amor, esse, fica do tamanho do mundo. E
o mundo gira, como as hélices do avião que me vai levar para junto de ti. E a
vida, gira, e continua a girar indiferente aos meus protestos para se demorar
um bocadinho mais quando me despeço de ti, quando cai sobre nós aquela luz
dourada do final de tarde, quando dizemos que não temos tempo de ver todos os
lugares do mundo. Mas o mundo está ali, à nossa espera, só precisamos de tempo
para o esconder dentro de nós. E enquanto aqui estou vou contando os minutos,
porque os segundos já seriam demais, que vou desperdiçando sem ti. Sem os meus
lugares, as minhas coisas, os meus sentimentos, os meus cheiros, as minhas imagens.
E o mundo vai girando, vai rolando, vai dormindo. E eu vou perdendo as rugas no
canto dos olhos dos que amo, a felicidade dos finais de dia que acompanham os
jantares de família, os planos que saem directamente do coração, e vou tendo
notícias do meu mundo pequeno que cresce sem mim a quilómetros de distância.
Of Monsters and Men - Yellow Light
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