Olá Cambodja!!!

Quando fiz vinte anos passei por um pequeno pesadelo. Tive muito medo, disse muitas vezes que não, deixei escapar várias coisas, revoltei-me com o meu corpo, caí numa tristeza profunda. Cresci um bocadinho à força, como na verdade quase todos somos obrigados a fazê-lo. Quando aceitei o que tinha, mas ainda não tinha percebido como resolver-me, arrisquei numa pequena viagem. Fui até Viena e Budapeste a título de passeio e investigação da faculdade. Correu mal. Muito mal. Não consegui relaxar, não consegui viver o momento e jurei a mim mesma que mais valia desistir da ideia de ir onde quer que fosse. Sair da minha zona de conforto não era suportável. Até me sentar na secretária ao teu lado. Naquele primeiro dia de trabalho em que tiveste de me pagar o almoço no refeitório. E depois, quando me mostraste os cantos à casa e me ensinavas o melhor caminho para fugir ao trânsito. Deixei-me ir, confiei em ti e relaxei. E inspirei fundo quando começaste a dormir comigo noites seguidas, quando ao fim de tão pouco tempo e sobre olhares desconfiados encaixotámos a nossa vida e alugámos um pequeno apartamento. E levaste-me para perto, quando fomos até Bruxelas, e depois além fronteiras até ao México e eu senti que fazia parte de alguma coisa. Depois decidimos estar perto do mar e encaixotámos a nossa vida mais uma vez. Foi aí que dei o passo de fé, no meio das caixas ainda cheias de coisas e dos mapas para uma viagem quase até o outro lado do mundo. Tailândia. Foi perfeito, foi a nossa viagem, só os dois, entregues um ao outro. Seguiram-se Itália, Londres e por fim Nova Iorque. A cidade onde me pediste em casamento. Onde ficámos a ser um do outro. Agora, dou por mim a querer mais. No voo de regresso de onde quer que seja, já estamos a planear a próxima vez que vamos entrar num avião. E é por isso que te agradeço. Por me teres devolvido a confiança, por me mostrares o mundo e por me fazeres sentir segura mesmo do outro lado do planeta. Desta vez seremos mais. Desta vez vamos até ao país onde sempre quis ir e nunca imaginei ser capaz. Desta vez vamos atravessar o Victory Gate Angkor Thom e vou sentir-me abençoada por te ter encontrado no meu caminho. 

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