Pouso os pés ainda cheios de areia no tablier, baixo o vidro ao meu lado e inspiro o ar de final de tarde de verão que enche o pinhal que atravessamos. É assim que saboreio a felicidade, com as risadas de fundo, a última música de verão que me chega aos ouvidos vinda da rádio e a tua mão quente pousada na minha pele, já fresca pelo sal da água do mar. Entranço o cabelo e penso que são estes dias que nos enchem a vida. Que fazem valer a pena as quarenta horas de trabalho antes e depois. Que nos sobram em imagens. Que provocam conversas de adolescente no regresso, cheias de gargalhadas e expressões originais. Que nos levam de cansaço feliz à cama, nos fazem adormecer em três tempos e nos permitem sonhar com as ondas que levaram a última semana de espera para longe.
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