A vida oferece-se aos que mergulham de cabeça. Aos que não pesam os prós nem os contras. Aos que investem os sentimentos e tudo o que têm a perder. Aos que voltam atrás na palavra, sem qualquer tipo de responsabilidade. Aos que enfiam a cama, os tapetes, a mesa de jantar, a roupa, o carro e os sonhos dentro de uma mochila e que a levam às costas até ao fim do mundo, se for preciso. Pessoas livres, leves, descomprometidas com elas mesmas, que não se levam demasiado a sério. Que jantam pão e banana para conseguirem pagar o próximo bilhete de comboio que os levará ao destino. Aquele que eles ainda desconhecem, que o vento lhes sussurra ao ouvido no meio da tempestade. Passam riachos descalços, dormem ao ar livre, roubam maçãs das bancas de rua, têm o mundo dentro dos olhos e os desejos escritos em bocadinhos de papel minusculamente dobrados no bolso de trás das calças de ganga, já gastas pelo tempo e pelos quilómetros. Quanto seria preciso para largar tudo? Quantas noites sem dormir, quantos medicamentos sem comprar, quantos sorrisos confidentes no escuro e quanta vontade junta? Quanta coragem seria necessária para ultrapassar o desgosto dos que ficam, que definiram planos para nós, que nos querem o melhor? Quanta força teria uma vida planeada deixada para trás? Quanta vida nos esperaria lá fora? Valeria o dobro desta que vivemos?
Tailândia 2013
O que escreveste dá que pensar. É duro, opressivo. Fiquei sem palavras...não sei quanto vale...toda essa liberdade.
ResponderEliminarJá me tirou o sono durante algumas noites...
ResponderEliminarObrigada pelas palavras Jardim de Algodão Doce :)