Pages

A menina dança?

Chega o momento em que nos sentamos no meio do caminho, sobre o asfalto, e tentamos perceber o motivo que nos levou a escolher aquela direcção. Nunca chega. Perdeu-se entre impulsos e perspectivas que se foram desvanecendo. Pela estrada fora e depois de muitos quilómetros percorridos, não nos reconhecemos na paisagem nem nas pessoas que se cruzam connosco. Somos feitos de outra massa, outros sonhos. Põe-se um pé à frente do outro, porque é a forma mais fácil de lidar com as situações, mas espreitamos para trás sempre que ninguém dê por isso. As más decisões perseguem-nos, a vida sabe a metal e o contexto já não faz qualquer sentido. Deviamos ter escolhido a esquerda e não a direita. Mas é quando essa sabedoria nos atinge que nos apercebemos das pessoas ao nosso lado, as que vão de mãos dadas connosco. As que bateram palmas no início da meta e estrelaram-nos o céu nas noites escuras. As mesmas que não existiriam se a decisão fosse diferente. Tudo tem um objectivo na vida. Mesmo que mais tarde não seja claro e fácil de desvendar. Podemos desperdiçar anos em caminhadas tortuosas e terrenos inclinados, podemos até ficar soterrados em lama até aos joelhos, mas seríamos capazes de voltar tudo atrás? De fazer diferente? Ou podemos, simplesmente, dançar em vez de caminhar?


SHARE:

1 comentário

© O que vem à rede é peixe. All rights reserved.