Foi a primeira viagem a três. Escolhemos um destino perto de casa e nosso, para não nos sentirmos muito longe do que estamos habituados. Não sabíamos como iria o Sebastião reagir e preferimos optar pelos Açores.
Ambos já lá tínhamos estado em trabalho, mas não conhecíamos nada. Assim decidimos que seria o destino ideal. Escolhemos Janeiro também para fugir às multidões e para, de certo modo, marcar o final da minha licença de maternidade. Como uma despedida. Sou sincera quando vos digo que não pensei no facto de o Sebastião já ter praticamente oito meses e comer sólidos, mas ainda muito limitados. E isso foi um factor de stress para mim no primeiro dia. De repente senti que estava a fazer tudo mal, onde ia eu arranjar a sopa e a fruta e que estabilidade estava eu a dar-lhe ao fazer aquela viagem nesta fase de desenvolvimento alimentar tão importante? Depois eu detesto voar e não sabia qual seria a reacção dele, aliado ao cansaço das últimas noites super difíceis, ou seja, acabei por ter um ligeiro ataque de pânico quando chegamos ao fim do dia ao hotel. Logicamente ele ficou afectado por mim, chorou imenso, esperneou e foi quando o vi assim que percebi que eu é que estava a estragar tudo. Que ele só precisa dos pais e que estes estejam felizes e relaxados ao pé dele. Tudo o resto se faz.
E assim foi, respirei fundo, deixei ir o cansaço todo embora, percebi que tinha de mudar de atitude para aproveitar aqueles dias em família. E assim foi.
De sublinhar que ele se portou exemplarmente. No avião não dormiu quase nada mas foi entretido a olhar para toda a gente e a mexer nas revistas e brinquedos que lhe levei. Comeu sempre connosco nas cadeirinhas para bebés dos restaurantes onde fomos. Pedi no hotel para fazerem a sopa exactamente com o que queria e levava-a connosco. Nos restaurantes pedia fruta triturada e tudo correu lindamente. Toda a gente o adorava ver comer, havia muda fraldas em todos (TODOS) os sítios onde fomos, andámos muito com ele na mochila e também algumas vezes no carrinho. Ele adorou, dormia as suas sestas no carro quando andávamos de um lado para o outro e tenho de confessar que me deu as melhores noites de sempre (agora já voltou ao que era...). Estava feliz da vida. E nós também conseguimos ver tudo e aproveitar o tempo a três que tem sido tão pouco. A única coisa que deixei de fazer foi tomar banho na Poça da D. Beija porque estava muito frio cá fora e tive receio de o levar pelas mudanças de temperatura. Acabou por ir só o João enquanto fiquei no carro com ele a dormir a sesta.
Ficámos apenas pela ilha de S.Miguel para ver tudo com calma.
Fomos à Lagoa das Sete Cidades,
Lagoa de Santiago,
Lagoas Empadadas,
Lagoa do Congro,
Lagoa do Canário,
Parque Terra Nostra,
Poça D. Beija,
Salto do Prego, Nordeste,
Chá Gorreana,
Lagoa do Fogo
Tudo com o Sebastião. Tudo com muita calma, respeitando o máximo possível os horários dele. Tudo com a máxima leveza possível. Tudo para que esta fosse a primeira viagem de muitas. A primeira aventura de muitas. As primeiras memórias, mesmo que só em fotografias para ver mais tarde. Nós nunca vamos esquecer. Eu nunca vou esquecer. Principalmente, quando voltávamos de uma caminhada de meia hora até ao Salto do Prego e eu lembrei-me de começar a dançar a Música Trevo (cantada pelo Diogo Piçarra e a Anavitória) e quando demos por nós estávamos os três a sorrir e a dançar no meio daquele verde tão verde e nós tão cheios de amor. A vida devia ter banda sonora.