Pages

6 meses de ti

○ Ficas sentado sem apoio
○ Falas imenso contigo próprio
○ Comes tudo o que te damos
○ Não gostas de beber água
○ Adoras chapinhar na água do banho
○ Queres agarrar a Sushi e o Tó cada vez que passam por ti
○ Vais a observar tudo no marsúpio
○ Não gostas de sol na cara
○ Choras cada vez que me vês afastar


Dia do baptizado 18 Novembro 
Foto: Mafalda Rodrigues
SHARE:

Quero ficar sozinha este natal

Estou cansada de pessoas. De palavras e más atitudes. Estou cansada de pessoas que nem se apercebem das más atitudes que têm. Cansada de tentar agradar a tudo e todos e ninguém se esforçar para me agradar a mim. É sempre nesta altura do ano, com o aproximar de um recomeço que me viro um bocadinho mais para dentro de mim própria e começo a pensar em tudo o que deixem em stand-by cá dentro. Todos deixamos demasiadas coisas sem stand-by dentro de nós, muitas delas por tempo indeterminado, palavras que tentamos esquecer, situações que evitamos, atitudes que engolimos para não ficarmos mal vistos. Mas este ano, particularmente este ano, não sei se por ser mãe e dar outra importância às coisas e às relações, existem coisas demais que não posso calar. Não me apetece ser mais uma pessoa que come e cala. Quero e gostaria de entrar no novo ano mais leve, mais eu, mais transparente com o que gosto e o que não gosto. E possivelmente mais sozinha. Porque o grande motivo destas palavras que nunca são ditas é o medo de acabarmos sozinhos, de os outros levarem a mal o que queremos expressar. Mas não nos magoaram a nós primeiro? Devemos dar sempre a outra face? ou simplesmente responder com a outra mão e ficamos quites? 
Estou cansada de familiares que nos põem entre a espada e a parede, que nos tiram o chão durante dias por falta de apoio e nem se apercebem disso. De críticas vindas de pessoas que me viram crescer, que me dizem que o meu filho chora e a culpa é do colo que lhe dou. Que, se ele está num pico de ansiedade de separação, a culpa é minha, por ter estado os últimos seis meses e meio vinte e quatro horas por dia com ele. Devia tê-lo deixado chorar, isso sim. Para ser pior mãe e ele não gostar tanto de mim. 
Estou cansada de palavras vazias, de palavras sem honra nem valor. De  amigos que faltam a ocasiões especiais em cima da hora, que tanto trabalho nos deram a preparar, para lhes proporcionar momentos felizes e inesquecíveis, de ninguém me bater à porta quando digo que me sinto tão tão cansada, de amigos que pensava eu serem tão importantes e há meses não saber nada deles. Estou cansada de fins-de-semana a tentar criar boas recordações e, no final, apenas eu, o meu marido e o meu filho, não termos uma única fotografia juntos. 
É um mito dizerem que quando somos pais nos afastamos. Não somos nós que nos afastamos, são os outros que se afastam de nós. Sim, talvez não tenhamos tanta disponibilidade, mas e o esforço do outro lado? Lembro-me de há uns tempos atrás ter ido ter com uma amiga, no meio de um dia de trabalho, para lhe dar um saco de gomas porque no dia antes tinha perdido o seu querido animal de estimação. Será que o gesto foi maior para mim do que para ela? Será que depois de tantas noites sem dormir nunca pensei que ela me viesse bater à porta "com um saco de gomas"? Será que sou apenas eu que sou má pessoa porque dei e agora quero receber? Afinal o que são gestos de amizade? O que são estes pequenos pormenores na vida das pessoas? Perdemos estes valores? Ficaram pelo caminho?Ou então estou simplesmente cansada, apenas. E tudo tem outra dimensão e outro peso. Mas a verdade é que me apetece pegar no telefone e dizer a cada uma destas pessoas o quanto me magoam ou magoaram. Apetece-me deixar tudo dito em 2017. Não levar nada por dizer para 2018. 
E o que me apetece, verdadeiramente, é estar sozinha este natal. Só não o faço porque, mais uma vez não quero privar as pessoas próximas do meu filho do seu primeiro natal e, mais uma vez, vou dar sem receber.






SHARE:

Se um dia eu não estiver aqui

Olho para ti e sinto as entranhas arder. Quase como uma dor física. Quase como se queimasse por dentro. Olho para ti, enquanto dormes, serenamente, e sei que por ti dava a volta ao mundo, sei que por ti morria as vezes que fossem precisas. Olho para ti, na imensidão do mundo que nos rodeia e tu, na tua caminha pequenina, estás tão desprotegido, tão abandonado, tão sozinho. Olho para ti e sei que se um dia te faltar nunca ninguém te há-de amar tanto como eu. Nem o teu pai, os teus avós, os teus padrinhos ou os nossos amigos. Olho para ti, meu filho, e lembro-me da primeira vez que te senti mexer, do quanto mudaste o meu corpo e a minha vida. De como tudo ficou diferente, meio sem sentido, meio planeado, meio do avesso. Olho para ti e apetece-me guardar-te dentro de mim outra vez, de abraçar-te com tanta força a ponto de me fundir contigo, de sermos um, outra vez. Finalmente percebo o que é amar ao ponto de doer, percebo o amor animalesco, o medo de não estar aqui para ti. Porque mais ninguém tem o meu cheiro, o meu toque e a minha voz. E por isso, se um dia te faltar, se um dia a única recordação que tiveres de mim forem algumas fotografias e meia dúzia de textos em que desabafo em como mudaste a minha vida, nem sempre para melhor, quero que saibas que te amo incondicionalmente. Que tu nunca estiveste em causa ou em dúvida. Que podia escrever palavras menos boas, mas que não estavam ligadas a ti. Estavam, sim, à falta de apoio, de tempo e de horas de sono. Olho para ti e tenho medo de cá não estar, de que mais ninguém saiba que gostas de adormecer sobre o braço esquerdo, que fechas os olhos assim que te levo para o escuro, que sempre que te vou buscar à cama te pouso as duas mãos na cara e sorrio para ti. Ninguém vai saber que adoras estar nu e que a meio da noite aqueces as mãos debaixo do meu pijama, enquanto voltas a adormecer. Que deitas a chucha fora quando queres comer e não dormir, mesmo que estejas a aninhar-te no colo. Ninguém vai saber, filho, como olhas para mim no meio da multidão e sorris com os olhos. Se um dia não estiver aqui para te pousar as mãos quentes na cara ou para aquecer as tuas de encontro à minha pele, quero que saibas que um dia foste tu que fizeste de mim uma pessoa cheia de amor e que, onde quer que eu esteja, vou estar sempre a sorrir-te com os olhos.


Eu e tu. Numa das nossas manhãs. Eu com muito sono e tu com dois meses.

SHARE:

ajuda na amamentação

Tínhamos chegado a casa no dia anterior passadas duas noites no hospital. Estava em plena "subida" de leite. Tinha lido imenso sobre o assunto, assistido a vídeos para minimizar o desconforto, já tinha em casa uma almofada de sementes pronta a aquecer e uns saquinhos de hidrogel para o congelador. Mas sentia-me completamente desorientada na mesma. 
O Sebastião nasceu pré-termo e com baixo peso e apesar de vir cheio de fome era ainda muito imaturo para uma boa pega. Acabava por pegar bem, mas demorava uns bons quinze minutos de prática e muita paciência. No meio desse processo ele chorava desalmadamente de fome e eu comecei a ficar cheia de dúvidas, ainda para mais com a pressão de ter de o alimentar a cada X horas, porque ele tinha mesmo de ganhar peso. Não pensei duas vezes. 
Com a casa cheia de visitas, peguei no contacto que já tinha guardado em caso de vir a precisar e enviei um email a pedir ajuda. Era fim de semana e pensei que só segunda tivesse uma resposta. Enganei-me. Passado pouco tempo recebi uma mensagem no meu telemóvel a informar-me que poderia ligar para aquele número. E foi assim que falei pela primeira vez com a Patrícia. Perguntou-me o que se passava, falámos cinco minutos e nessa mesma tarde a Patrícia foi lá a casa. Esteve connosco cinco horas. Ensinou-me como fazer a extração manual, ajudou-nos com a pega, ficámos a conhecer novas posições para o Sebastião mamar, falámos de tudo, de sonos, de ritmos de crescimento, do que é normal acontecer e do que não é, até ajudou o Sebastião a fazer cocó e fez questão de ficar ao nosso lado até o ele cair de sono e não ser possível dar-lhe mais mama. Descansou-me imenso. Senti-me mais preparada, mais consciente do que estava a fazer. 
Quando se despediu de nós disse-me que podia falar com ela sempre que quisesse, sempre que surgisse alguma dúvida. No dia seguinte enviou-me mais alguns vídeos e artigos sobre amamentação. Senti-me sempre apoiada e durante estes quase cinco meses de amamentação exclusiva, meses em que o Sebastião ganhou peso de forma saudável, que passou de um bebé de 2400kg para 7kg, a Patrícia foi o meu apoio. Respondeu-me sempre prontamente a tudo o que lhe perguntei. Nos dias de muito calor em que ele queria mamar de hora a hora, nos dias em que parecia que não tinha leite suficiente, em dias anteriores a ter de me ausentar durante umas horas e como poderia fazer já que não o podia levar comigo. A Patrícia foi a causa de hoje o meu filho ainda mamar e ser um bebé tão saudável.

Podem encontrar a Patrícia aqui.


SHARE:

recuperar o nosso corpo

Quase cinco meses depois posso olhar-me no espelho e perceber o porquê de todos os conselhos para amamentar. Tenho a minha barriga de volta, o meu peso de volta e sinto-me bem. Claro que existe alguma flacidez e claro que as maminhas nunca mais serão as mesmas mas quando começar a ter mais algum tempo disponível para mim, vou tratar dessa parte para o ginásio. Tenho sorte, tenho plena consciência disso, sempre fui magra, tenho uma boa genética, mas sinto mesmo que amamentar foi crucial para esta recuperação. Lembro-me de, durante o primeiro mês, enquanto o Sebastião mamava, sentir aquelas picadas na zona do útero, contrações provocadas pela ocitocina que o faziam retornar ao seu estado natural. Consegui vestir as minhas calças pré-gravidez após três semanas e agora sinto-me cada vez mais eu (fora o cansaço, mas sobre essa questão já falei aqui). Claro que o facto de 70% da minha alimentação ser à base de frutas, vegetais e leguminosas tem o seu peso. Tive algum cuidado nos primeiros dois meses por causa das cólicas que o Sebastião podia ter, mas depois comi de tudo sem problema. Quase não como carne e peixe apenas algum. Os meus almoços são quase sempre vegetarianos e ao jantar experimentamos cada vez mais receitas vegan. Não o fiz para perder peso, aliás já tinha referido anteriormente aqui, que desde há um ano para cá mudei imenso o meu estilo de vida e a alimentação foi o primeiro passo. Não me senti bem em continuar a comer a quantidade de proteína animal que comia antes, depois de ver alguns documentários e ter lido livros acerca da melhoria da saúde com uma dieta à base de fruta, vegetais e leguminosas. Experimentei reduzir a proteína animal e senti-me muito melhor quando o fiz, pelo que começou a fazer sentido na minha vida. Não deixei de comer carne e peixe a 100%, nem sei se algum dia o vou fazer. Deixei sim de beber leite, optei pela bebida de aveia ou arroz que são as que mais gosto. Mas no geral sinto-me bem, não fosse a privação de sono e acho que me sentiria optimamente!


SHARE:

4 meses de ti

💙 Sorris a toda a hora
💙 descobriste os pés e levas tudo à boca
💙 Detestas estar no ovo
💙 Fazes birras de sono como gente grande
💙 Dormes um bocadinho mais durante a noite 
💙 Estás fascinado com o teu “ginásio” de brinquedos no quarto

💙 Começas a interessar-te por tudo o que comemos perto de ti


SHARE:

outono ♥

Os dias mais pequenos e mais tempo para estarmos juntos em família. É assim que vejo esta nova estação, que a celebro. Não existem tantas saídas, passeios e fins de semana fora, mas existe mais gente a entrar cá em casa. Família, amigos, longos jantares, filmes no sofá, o aroma a bolos acabados de sair do forno e as manhãs frescas com café quentinho. Este ano vai ter um sabor diferente. Vou ter alguém para se enroscar comigo nas mantinhas e que me faz companhia na ronha matinal. Vão ser dias a dois, pelo privilégio de puder ficar com o meu filho mais alguns meses. Partilhar com ele a minha estação preferida. Passear com ele no parque e mostrar-lhe as folhas a mudar de cor, vestir-lhe roupa mais quentinha, ver os olhos dele brilhar quando o Natal de aproximar. Porque falta pouco, muito pouco, para a época mais querida e aconhegante do ano. 


SHARE:

o meu novo caminho

Ter coragem no coração e fé na vida. Acreditar num bem maior, que estamos aqui para servir, para fazer o bem, para dar amor. Seja de que forma for. O mundo precisa tanto de amor. O mundo precisa tanto de fé. Precisamos todos de ouvir mais o coração. E nas últimas semanas o meu tem passado por uma montanha russa de emoções. Ora bate de entusiasmo, ora fica apertado pelo receio. O receio de não o ter percebido bem quando falou comigo. Ou quando me permiti a ouvi-lo, finalmente. Desde os meus vinte anos que ando perdida. Não sei para que me servia o curso que tirei, o que fazer com ele, como conseguir ser feliz através dele. Essa felicidade nunca chegou. Acabou por abrir as portas à frustração, à desilusão, à incapacidade de me sentir útil para as pessoas e para o mundo. 
Mas nos últimos meses tenho notado uma mudança, que começou por ser quase imperceptível toda a minha vida, mas que sempre esteve lá. Pode ser sido exacerbada pela chegado do meu filho. Ou podia simplesmente estar à espera que me permitisse dar-lhe atenção. E acabei por dar. E é por aqui que vou seguir, Como em tudo na minha vida até hoje, vou seguir o meu coração. Mesmo que implique ficar mais horas longe do meu filho ainda tão pequeno, que me vá custar algum tempo com o J., sinto, neste preciso momento, que é por este caminho que tenho de ir. Se pode correr mal? Pode. Mas e se correr bem? E se for este, finalmente o meu destino? E se for aqui que vou ser feliz? 
A decisão está quase quase tomada. Faltam alinhavar alguns pontos para agarrar nesta força que me caracteriza e partir. Sei que não vou chegar ao destino igual. E é com esse foco que vou começar a caminhar.

Islândia 2016

SHARE:

3 meses de ti ♥

♥ Páras de mamar e sorris para mim

♥ Acordas sempre bem disposto

♥ Continuas a mamar imenso durante a noite

♥ Já agarras nos objetos e estás fascinado com a tv

♥ Aprendeste a fazer bolhinhas de saliva e fazes isso o tempo todo

♥ Já não dormes durante os passeios, mas observas tudo super calminho


SHARE:

dar-te o mundo

Tenho medo que cresças isolado. Que não consigas partilhar as experiências de início de vida. Que sejas limitado pela vida que te oferecemos. Nunca gostei de ser filha única. Nem de ter uma família numerosa mas sempre distante. Não tive o apoio de irmãs, primas, tias, avós, sobre a maternidade. Não ouvi conselhos nem tive a quem recorrer quando as muitas dúvidas não me deixavam dormir à noite. Tenho imensos primos que praticamente não conheço e muito poucas ligações familiares. Prometi a mim mesma, já há alguns anos, que só me ficaria por um filho se não pudesse mesmo ter mais. E, mesmo sabendo que vou querer dar-te irmãos, o peso da tua solidão familiar pesa-me no peito. Fico de sorriso nos lábios sempre que vejo famílias reunidas, primos a correr atrás de primos, bebés que saltam de colo em colo, alguém ter sempre alguma coisa a dizer sobre a forma como fazemos as coisas. Sinto aquela inveja boa das família que se juntam aos fins de semana e nas férias, na casa de família, onde os primos aprendem a nadar com os tios e as avós oferecem gelados às escondidas. Famílias que fazem o esforço de arrancar à sexta e partir apenas no domingo depois do sol descer. Mesmo com todas as discussões, amuos, conflitos, existe sempre mais espaço para a diversão, para a segurança, para a proteção, para o amor. É a reunião do clã. A partilha das recordações anos mais tarde. E é por isso que quero construir a minha própria família, dar-te muitos irmãos para brincares e refilares. Posso não ter uma casa de família com piscina ou perto do mar para te oferecer, mas vamos sobrevoar o mundo e aterrar em sítios diferentes sempre que pudermos. Que o mundo seja a tua grande família.


SHARE:

dois meses de ti ♥

♥ já ouvi uma gargalhada tua enquanto sonhavas

♥sorris imenso e intencionalmente

♥começas a querer falar

♥ gostas de silêncio para dormir

♥ continuas a não gostar do escuro

♥ fizeste o teu primeiro cocó até ao pescoço

♥ toda a gente diz que vais ficar com os olhos azuis




SHARE:

um mês de ti ♥

Um mês de ti.

Já sorriste deliberadamente para o teu pai.

Não gostas do escuro nem do silêncio.

Detestas ter as pernas e os pés nus.

Adoras fazer de nós almofada.

Começas a prestar imensa atenção quando falamos contigo.

Tens imensa força no pescoço e já levantas a cabeça.

Fazes barulhinhos como se fosses uma ovelha, mesmo a meio da noite.

Gostas de estar de barriga para baixo no banho.



SHARE:

aguardar pelos sonhos

Ainda não perdi a fé. De te ver a correr descalço no meio das folhas verdes. De ficar feliz por teres a planta dos pés da cor da terra e as mãos cheias de saliva da nossa patuda. De te deitar com a janela aberta e o som da natureza como pano de fundo. De te ver crescer na companhia das árvores que plantarmos juntos. De saber que és feliz debaixo do sol, da chuva e a brincar na terra molhada. De ter um alpendre, árvores de fruto, uma pequena estufa com as ervas aromáticas, de puder adormecer-te nas noites de verão sobre o céu estrelado. Não esquecemos o nosso sonho, falamos muitas vezes nele, pensamos ainda mais. Está em pausa nas nossas vidas, ainda não foi o momento certo. Mas ansiamos por essa vida, por essa calma. Será com toda a serenidade e com toda a clareza de espírito que aguardaremos pelo momento certo. Ele vai chegar.





Assim, enquanto aguardamos, vamos fazendo planos em sítios muito bonitos, onde nos sentimos em casa. É aqui que nos sentimos bem, é aqui que o nosso coração se enche de sonhos.



SHARE:

o vício do amor

Vais ficar viciado no colo. Na mama. Nas minhas mãos que te confortam até adormeceres. Nos meus beijinhos pelo corpo todo logo pela manhã. No facto de assim que choras eu pegar em ti e mostrar-te que estás em segurança. Em adormeceres na nossa cama de madrugada quando tens noites mais agitadas. É isto que me dizem de ti, filho. Que tens um mês de vida mas já tens manha, que sabes manipular-nos a fazermos o que queres. Que vais ser uma criança dependente.
És o meu primeiro filho, não sei se estou a fazer tudo bem ou tudo mal. Estou a fazer o melhor que sei. A seguir o meu instinto. Aquilo a que já quase ninguém dá importância. Preferem regular-se por horários, biberons, regras estipuladas e choros constantes. Eu prefiro seguir o amor. Porque dar-te colo quando choras, alimentar-te quando queres e mostrar-te que estás em segurança quando acordas no meio da escuridão e do silêncio, é fazer-te crescer com amor. E o amor é a base de tudo. Pelo menos de tudo o que está certo. É a base de uma infância feliz, das hormonas que te dão leite, de uma família equilibrada e de adultos conscientes e humanos. É o amor que vence sempre. Qualquer luta ou batalha, qualquer medo que se atravesse à nossa frente.
Fala-se tanto de traumas de infância, de adolescentes rebeldes, de psicoterapeutas para resolver problemas psicossomáticos, de dizer sim ou dizer não. Mas continuamos a cruzar-nos com pessoas que assim que olham para nós decidem aconselhar “não o habitue ao colo”, “deixe-o acalmar-se sozinho”, “não lhe dê mama sempre que quiser, senão não quer outra coisa”, e tantas outras barbaridades. Pais que se queixam de não compreender os filhos, mas que os deixam horas a chorar no berço ignorando completamente os pedidos dos mesmos. Que fazem cursos pré-parto, pesquisam todos os sites possíveis, lêem todos os livros sobre bebés, mas ignoram tudo porque a vizinha lhes disse que as teorias estão todas erradas.

Não sei se tens manha, se me manipulas, se já vens ensinado, se nunca mais vais adormecer sozinho ou aos dez anos ainda vais queres passar a madrugada na minha cama. Mas sei do que precisas agora. Do que me pedes. Do medo que tens do escuro e do silêncio. Do colo que te faz já sorrir para mim. Do amor que tenho para te dar e da segurança que me exiges. É por isso que vamos ignorar o mundo à nossa volta e crescer os dois no que é certo para nós, no que nos faz felizes, com ou sem manha, mas com muito colo pelo meio.
SHARE:

trazer o amor ao mundo ♥

Enquanto me deslizavam pelo corredor em direcção ao bloco de partos e sentia o nosso filho a querer conhecer o mundo, senti sobre mim a enorme responsabilidade do que estava prestes a acontecer. Seria eu, e apenas eu, com quem tu e o nosso filho poderiam contar para que tudo corresse bem. A nossa vida estava dependente do que o meu corpo poderia ou não conseguir fazer nos próximos minutos. Comecei a tremer na maca fria, descontroladamente. Procurei-te mas sabia à partida que te estavam a preparar. Encontrei o olhar de uma enfermeira que me disse que estava tudo bem, era uma reacção perfeitamente normal. Ainda antes de ti entrou o meu médico, com o seu jeito descontraído, seguro, mãos grandes e postura protectora. Olhou-me nos olhos e disse Vamos fazer isto os dois, em equipa? Respirei fundo e tremi um sim com a cabeça. Enquanto ele se preparava fechei os olhos e senti a energia a mudar, para melhor, para algo mágico prestes a acontecer. Não ouvia ninguém para além dele, não sentia nada para além das contrações que aproximavam o nosso amor pequenino deste mundo. Caí num silêncio selectivo e quando já estava perfeitamente alinhada com a força do meu corpo é que me apercebi que estavas já ao meu lado. Quase não te reconheci com a touca, a máscara e a concentração que exigia o momento mais importante das nossas vidas. Deste me a mão, olhaste-me dentro dos olhos e disseste tu consegues, respira fundo. Durante aqueles minutos sentia-me a pairar entre a tua voz, a voz do meu médico e o que o meu corpo me dizia a alto e bom som. Concentrei toda a força do mundo para fora de mim, para te dar uma extensão de ti. Calmamente, sem pressa, sem medo, sem receio. O nosso filho chegou a nós num ambiente relaxado, carregado de magia e ternura, depois de 24 horas de trabalho de parto que começou quando ele quis chegar. E chegou. Mais cedo que o esperado mas com todo o amor do mundo. Foi, provavelmente, o momento mais bonito da minha vida, de uma leveza que nunca esperei. Foi provavelmente o momento em que mais te amei na minha vida, também. Porque sem ti não tinha conseguido ouvir a voz do amor.




SHARE:

mala da maternidade ♥

Uma das maiores dúvidas de mães de primeira viagem é o que levar para a maternidade. As diferentes estações do ano parecem divergir opiniões e listas. Depois de muitas pesquisas, tanto de hospitais privados como públicos, esta é a minha lista com o que é necessário para aqueles dois/três dias na maternidade, consoante parto normal/cesariana.

A minha mala

·         Documentos (Cartão Cidadão, Seguro, etc)
·         Boletim de Grávida
·         Últimas análises e ecografias
·         Telemóvel
·         Carregador
·         4 camisas de noite com abertura à frente
·         Roupão
·         Chinelos de quarto e de banho
·         3 soutiens de amamentação
·         Discos de amamentação
·         Pomada de lanolina 
·         Cuecas descartáveis
·         Pensos higiénicos pós-parto
·         Maquilhagem
·         Escova Cabelo
·         Produtos de Higiene
·         Roupa para saída da maternidade




Mala do Sebastião

·         3 conjuntos completos para receber visitas (bodies interiores manga comprida/curta, calças de algodão interiores, fofos/cueiros, casaco, gorro, botinhas/meias)
·         3 conjuntos completos para a noite (bodies interiores manga comprida/curta, calças de algodão interiores, babygrows, gorro, botinhas/meias)
·         2 mantas
·         4 fraldas de pano
·         Fraldas descartáveis (média de 10 por dia)
·         Produtos de banho (Gel lavante, Creme Hidratante, Creme muda da fralda)
·         Lima de papel para unhas
·         Escova macia para cabelo
·         Chucha


Como estamos no verão as roupas que levo são todas de algodão fresquinho.

Alguma coisa que me esteja a esquecer?
SHARE:

procura-me com os olhos

Não foi fácil fazê-lo sem ti. Mais difícil ainda é admiti-lo. E não falo de fazê-lo sem ti fisicamente, mas emocionalmente quase nunca cá estiveste. Desde o início que percebi que não iria ser a fase mais bonita da minha vida. Uma complicação arterial obrigou-me a vir cedo para casa e ao mesmo tempo começaste uma nova posição profissional que te ocupa todo o tempo disponível. O resultado ao início foi desastroso. Eu queria atenção, tu querias atenção. Eu não queria ouvir os teus problemas e tu não davas importância aos meus. Houve momentos em que perguntámos em silêncio o porquê de ter sido naquela altura, se íamos ter capacidade para ultrapassar isso. Eu guardava tudo cá dentro, tu deitavas tudo para fora. Não havia o brilho, as fotografias, as escolhas, as conversas duravam pouco tempo, o pouco tempo que havia para nós. Houve muito silêncio dentro destas quatro paredes, muita solidão, muitos pensamentos estranhos, muitas incertezas. Muitas noites e compras decisivas sem ti. Depois parámos e decidimos que tínhamos de fazer alguma coisa acerca disso. Eu deixei de ser egoísta em relação ao que se estava a passar, tu deixaste de ser negativo em relação aos teus dias. E agora estamos num bom equilíbrio que, muito em breve, vai mudar para sempre. Quero dizer-te que talvez seja eu a próxima a ausentar-me. Que posso estar aqui física, mas não emocionalmente. Que quero que tentes contrariar isso, que quero ter olhos também para ti. Peço-te já desculpa por estar demasiado envolvida com quem vai chegar à nossa família muito em breve, dizem ser normal, que depois passa. Mas eu sei o quanto precisas de mim, o quanto preciso de ti e o quanto precisamos dos dois. O quanto precisamos de olhar apenas um para o outro. Porque só funcionamos assim.


SHARE:

o quarto do Sebastião ♥


Estamos em contagem decrescente. Faltam apenas algumas semanas para o Sebastião ensinar-nos o que é o maior amor do mundo. 



Este quarto foi feito com muito carinho e serenidade, todas as coisas escolhidas com extremo cuidado. Todos os materias são do mais natural possível, cores neutras e cheias de luz, pormenores pequeninos e muito minimalismo. 



Muitas coisas feitas à mão, por pessoas que lhe querem muito bem. 
Muita simplicidade para o amor que está prestes a chegar à nossa família

SHARE:

confiar nos produtos naturais ♥

Nesta demanda por uma vida com decisões mais conscientes, saudáveis e livres de produtos menos bons, pesquisei imenso sobre o que poderia iniciar com o Sebastião. Não queria fazer tudo à pressa, com as coisas a que estamos habituados. Assim sendo decidi lavar todas as roupas à mão, com sabão de Marselha, estendê-las com molas de madeira, com a mais pura das ternuras. 


Todas as vezes que estou no quarto dele ponho música ambiente para relaxar, de forma a que ele associe a momentos de bem estar quando estiver cá fora. Limpei todos os móveis com óleo essencial de lavanda diluído em água, que li ser um poderoso desinfectante, antibacteriano e que afasta as más energias. Tenho saquinhos de lavanda pendurados no roupeiro e na cómoda. Não uso outros detergentes naquele espaço. 


Comecei também a usar produtos mais naturais no banho, da Cowshed, e para hidratar a pele o tão famoso Óleo de Amendoas Doces prensado a frio.


Tudo muito simples e cheio de luz que vou partilhar no próximo post :)

Mais alguma dica da vossa parte?
SHARE:

alimentação consciente♥




A nossa vida tem mudado aos poucos cá em casa. Tenho lido imenso sobre estilos de vida mais saudáveis, o que devemos integrar na nossa alimentação, tudo muito fundamentado e nada feito ao acaso.





Todos os livros apontam numa única direcção: é a nossa alimentação a chave de tudo. Para vivermos mais tempo, com mais qualidade de vida, para evitar doenças, melhorar doenças crónicas, sentirmo-nos melhores com o nosso corpo.


Despertei mais urgentemente para este assunto desde que estou grávida. Afinal estou a formar uma pessoa a partir do que incluo na minha alimentação e não me estava a sentir confortável com certos produtos alimentars que esxistiam cá por casa. O truque é simplesmente não os comprar. Tão simples quanto isso.

O leite desapareceu, o queijo foi super reduzido, o açúcar passou a mascavado e só é utilizado em sobremesas quando recebemos visitas. Não entra carne de vaca e porco cá em casa há meses. Continuamos a consumir frango e peixe local, damos prioridade à agricultura biológica sempre que é possível.

Mas a maior mudança é, sem dúvida, emocional, se lhe posso chamar assim. Porque continua a apetecer-me batatas fritas e hamburgueres. Porque quando me apetece meeeeeeesmo não me privo de os comer. Mas enquanto os estou a comer já não me saciam como antes. Estou sempre a pensar no quanto estou a maltratar o meu corpo e as minhas células. E acabo por deixar a meio.



Assim, para finalizar as nossas férias fomos almoçar à Quinta do Arneiro, a cerca de 30 minutos de Lisboa. Fizemos a visita guiada, almoçamos no restaurante e trouxemos produtos biológicos da mercearia. Que maravilha. Uma experiência a repetir sem demora!




SHARE:

os nossos dias a dois ♥





Casa Modesta.

O único sítio onde me lembro de me sentir em casa.






Despretensioso, com pormenores simples, modestos, familiares, de um conforto delicioso. Fomos super bem recebidos, numa casa pequena, com poucos quartos, mas tudo pensado ao pormenor.
A casa que pertence à família há muitos anos está ao lado da Ria Formosa e em tempos idos servia para construção de barcos de madeira. Agora foi completamente remodelada pela arquitecta da família e transparece bom gosto e a simplicidade das linhas direitas minimalistas.



Não tivemos sorte com o tempo, esteve sempre nublado ou a chover , mas conseguimos dar um passeio pela eco via junto à Ria Formosa. 
Aproveitámos, devido ao mau tempo, para jantar na Casa Modesta e foi das melhores experiências gastronómicas de sempre. Ingredientes acabados de colher na horta biológica e peixe apanhado ainda de madugada pelos pescadores. Divinal.


Queremos voltar muito muito em breve, para dar um mergulho na piscina e experimentar o berço em cortiça que nos falaram, para uma visita com o Sebastião.



De seguida fomos até ao Alentejo, perto de Beja, até à Herdade da Malhadinha Nova.




O Alentejo está sempre no meu coração e é extremamente difícil desiludir-me com ele.
As portadas, os azuis, o silêncio, a decoração, tudo nos prende o olhar.




Caminhadas no meio das vinhas visto não pudermos aproveitar a piscina mais uma vez, mas compensa tudo esta partilha com a natureza, este lado a lado.



E para terminar em grande a surpresa do upgrade do quarto, a música ambiente com que fomos recebidos, a qualidade dos produtos de democosmética, as inúmeras revistas e livros que podíamos comsultar e, claro, o restaurante com pratos de assinatura que nos preencheu a lacuna de sol.


Foram as últimas férias a dois. Dias de descanso, namoro, boa comida.

Estamos a um mês de conhecer o Sebastião e já queremos levá-lo a conhecer tantos sítios bonitos ♥

SHARE:
© O que vem à rede é peixe. All rights reserved.