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Boa sorte precisa-se

Custa mesmo engolir certas decisões na vida. Custa ainda mais sabermos que são injustas. Que não valem o que somos. Custa horrores reconhecermo-nos no meio da percentagem ainda elevada de pessoas que não têm emprego. Trinta números à minha frente, cinquenta pessoas já atendidas. Mulheres com bebés de colo a fazerem a inscrição. Somos 13%. Embora continue a acreditar que somos muitos mais. É o que me define neste momento. Um número dos 13%. O olhar de surpresa quando disse o que fazia, o que fiz durante quatro anos, o que sei fazer. Um olhar de surpresa e indignação ao ouvir a empresa que me descartou. Que me especializou e depois, quando disse o primeiro não, me mostrou a porta da rua. Após cinquenta inscrições ainda existia lugar para um olhar de surpresa. Apresentações quinzenais, como se estivesse em liberdade condicional. Registo de procura activa. Aos vinte e sete anos estou no sistema. No começo da minha carreira, na fase mais importante da minha especialização, estou no sistema. Aquele dos 13%. Condicionada pelas pessoas que me prometeram mundos e fundos e que me quiseram enviar para o fim do mundo. Condicionada por um país que tem 35% de desemprego jovem. Condicionada pelo currículo que tenho. Condicionada pelas pessoas que nem sequer se despediram de mim. Colegas de equipa, chefes. Nem um até já. Bem vinda ao sistema. E boa sorte.
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10 comentários

  1. Minha querida, tens de te forjar uma carapaça. Eu costumo comparar o mundo do trabalho a um ninho de ratos. Podes trabalhar numa empresa durante anos, mas quando precisares do apoio de um colega, estes não vão ter qualquer problema em te virar as costas. Pensa em ti, sempre, porque os outros não vão fazer nada por ti. É triste, mas é a realidade. Mas eu acredito que vais sair do sistema muito rapidamente. Confiança em ti, e nunca ter pensamentos negativos, é assim que deves viver.

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  2. Lendo assim de repente o que escreveste no "quem está nos bastidores" reparo alegremente que dizes: "o meu sonho é fotografar o mundo e as coisas bonitas que nos rodeiam". Por isso, estás à espera de quê? :)
    Procura algo que gostes, que te apaixone, e depois vai à luta que a luta está mesmo à tua espera.
    Pedras no caminho? Sim, vais encontrar. Mas isso só te trará ainda mais força nos pés. :)
    Beijinho e coragem! Eu sei que vais conseguir sair da %.

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  3. One day, what's going around will come around... Prometo!

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  4. One day, what's going around will come around... It's a promise!

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  5. "O olhar de surpresa quando disse o que fazia, o que fiz durante quatro anos, o que sei fazer. Um olhar de surpresa e indignação ao ouvir a empresa que me descartou. Que me especializou e depois, quando disse o primeiro não, me mostrou a porta da rua."

    Say what... Boa sorte! o mundo esta a espera! ;)

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  6. Em tom de segredo, digo-te: levanta a cabeça. Também eu estive no desemprego, que se instalou apenas um mês depois de me casar. Depois, a descoberta de uma doença prolongada. E nada disso me impediu que concretizar aquilo que queria. Força!*

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  7. Parece-me que tens a força que precisas. Quem não te deu o devido valor, azar o deles. Faz o que tens que fazer. Se já sabes o que queres realmente, sabes o principal, agora é só procurar o caminho e seguir em frente. Parece fácil ? não é (como já suspeitavas).
    Boa sorte!

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  8. Eu também acho que no final vais ficar a ganhar. Boa sorte.

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  9. Como te compreendo. Após ter terminado o meu curso, não o exerci uma única vez - os dois estágios curriculares não contam - e já lá vão alguns sete anos. Apenas ia-me sujeitando ao que ia aparecendo, apesar de mesmo assim, ir procurando também na minha área. Sim, porque o trabalho - desde que seja honesto, claro - não me assusta. Arranjei um trabalho precário e no fim estive dois anos desempregada. Achei o fim do mundo. E na realidade foi para mim. Mas durante esse período fui sempre á luta. Dói que se farta ouvir um não, porta assim, porta sim. Mas ia sempre. Por isso, custe o que custar. Luta. Luta sempre, pois acredito - e tu também tens de o fazer - que vais também conseguir. Esse número, é isso mesmo, um numero. Não te acomodes :) Força.

    
Um beijinho, Andreia
    
http://pontofinalparagrafos.blogspot.pt

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  10. Senti exactamente o mesmo quando me fui increver em Maio do ano passado! Sentia-me mais um número entre outros tantos! Eu dei o grito da revolta e sai di país mas ainda não encontrei aquilo que queria, mas não vou baixar os braços e vou continuar a lutar!
    Desejo-te a maior sorte do Mundo e que saias breve desse sistema...que saias pela porta grande para algo que te deixe feliz e te realize...que te faça feliz :)
    Força e coragem...nunca desistas :)
    Isabel*

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