Amanhã é a tua despedida de solteira. Encontrei-te pela primeira vez no meio de tendas, panos de chão, espias e jarreteiras verdes. Os quilómetros que caminhámos lado a lado de certeza que chegariam para dar a volta ao mundo. Foste a primeira pessoa que discutiu comigo pela loiça mal lavada num acampamento de inverno com 5 graus lá fora e sem luz. Aquele mesmo em que nos perdemos no meio da noite e mesmo sem lanternas iluminámos o caminho uma da outra. Viajámos juntas num autocarro pela noite fora em direção àquele sítio só nosso. E como fomos felizes nesse verão. Não precisei de te explicar as lágrimas que deixei cair quando nos sentámos naquele pavilhão gigante e ouvimos a primeira oração. Na verdade, acho que já não preciso de te explicar nada. Compreendes-me, viste-me crescer, partilhámos os primeiros cigarros às escondidas dos pais, nas tardes de verão em que nada se fazia na nossa terra do coração. Vivi contigo o verão da minha vida. Viagens ao baleal de descapotável, mergulhos na piscina ao amanhecer, muitos segredos, muitas verdades, nada se esquece entre nós. E quando penso em ti, no quanto já vivemos juntas, sei que vais guardar todos esses momentos contigo, tal como eu os guardo comigo. Vamos casar no mesmo mês. Setembro será sempre especial para nós. Quando te vir entrar na igreja, linda como só tu consegues ser, só vou pedir uma coisa. Que um dia os nossos filhos consigam partilhar o mesmo que partilhámos. Que se orgulhem tanto uns dos outros, como eu me orgulho de ti. Que se adorem tanto, como eu te adoro. Que vivam os muitos verões da vida deles, juntos. E que se guardem uns aos outros no coração, como eu te guardo a ti.
Agora, vamos beber!