Há dias que começam com decisões muito difíceis. Que nos roubam o sono logo pela madrugada. Dias de chuva e vento dentro de nós. Dias em que temos de dizer que não. E dizer que não é como fechar portas cheias de luz. Recusar oportunidades que a vida nos dá, mesmo que o nosso coração salte de entusiasmo só pela antevisão de entrar nelas. A vida obriga-nos sempre a parar, fechar os olhos, alinhar a respiração com a terra que continua a girar e encontrar dentro de nós a resposta à pergunta faz sentido?
O meu coração disse-me baixinho que fazia sentido, mas que não era a altura certa. Que não seria justo para quem depende de mim, para quem acreditou em mim. E eu disse não. E fechei a primeira porta que abriram de par em par para mim. Permanece o carinho de quem olhou para mim com outros olhos, de quem iria depositar a confiança de um dia tão especial nas minhas mãos.
Hojé é um dia cinzento lá fora e muito escuro cá dentro. É um dia em que disse não a pessoas que me fizeram tão feliz. É um dia em que peço que essas pessoas compreendam e aceitem a decisão que tomei, com todo o amor que tomei, com todo o amor que tenho por elas. Porque são as pessoas que acreditam em nós que nos levam onde queremos ir. Eu só preciso de ir mais devagar.
Irlanda 2015