Olho para ti e sinto as entranhas arder. Quase como uma dor física. Quase como se queimasse por dentro. Olho para ti, enquanto dormes, serenamente, e sei que por ti dava a volta ao mundo, sei que por ti morria as vezes que fossem precisas. Olho para ti, na imensidão do mundo que nos rodeia e tu, na tua caminha pequenina, estás tão desprotegido, tão abandonado, tão sozinho. Olho para ti e sei que se um dia te faltar nunca ninguém te há-de amar tanto como eu. Nem o teu pai, os teus avós, os teus padrinhos ou os nossos amigos. Olho para ti, meu filho, e lembro-me da primeira vez que te senti mexer, do quanto mudaste o meu corpo e a minha vida. De como tudo ficou diferente, meio sem sentido, meio planeado, meio do avesso. Olho para ti e apetece-me guardar-te dentro de mim outra vez, de abraçar-te com tanta força a ponto de me fundir contigo, de sermos um, outra vez. Finalmente percebo o que é amar ao ponto de doer, percebo o amor animalesco, o medo de não estar aqui para ti. Porque mais ninguém tem o meu cheiro, o meu toque e a minha voz. E por isso, se um dia te faltar, se um dia a única recordação que tiveres de mim forem algumas fotografias e meia dúzia de textos em que desabafo em como mudaste a minha vida, nem sempre para melhor, quero que saibas que te amo incondicionalmente. Que tu nunca estiveste em causa ou em dúvida. Que podia escrever palavras menos boas, mas que não estavam ligadas a ti. Estavam, sim, à falta de apoio, de tempo e de horas de sono. Olho para ti e tenho medo de cá não estar, de que mais ninguém saiba que gostas de adormecer sobre o braço esquerdo, que fechas os olhos assim que te levo para o escuro, que sempre que te vou buscar à cama te pouso as duas mãos na cara e sorrio para ti. Ninguém vai saber que adoras estar nu e que a meio da noite aqueces as mãos debaixo do meu pijama, enquanto voltas a adormecer. Que deitas a chucha fora quando queres comer e não dormir, mesmo que estejas a aninhar-te no colo. Ninguém vai saber, filho, como olhas para mim no meio da multidão e sorris com os olhos. Se um dia não estiver aqui para te pousar as mãos quentes na cara ou para aquecer as tuas de encontro à minha pele, quero que saibas que um dia foste tu que fizeste de mim uma pessoa cheia de amor e que, onde quer que eu esteja, vou estar sempre a sorrir-te com os olhos.
Eu e tu. Numa das nossas manhãs. Eu com muito sono e tu com dois meses.
Tão bonito. O Amor é mesmo assim...e espero um dia poder tomar estas palavras como minhas. *
ResponderEliminarJiji
É um amor que muda tudo Joana :)
EliminarQue texto lindo :)
ResponderEliminarObrigada obrigada ! Beijinho no coração
EliminarQue bonito texto. Parabéns!
ResponderEliminarCisca