Acordo. Estou em água, sinto o coração a bater na garganta e o silêncio envolve-me. Não reconheço onde estou. Escondo as mãos frias, do escuro, por baixo dos lençóis. Tenho os pés gelados e aos poucos venho a mim. E é então que a sinto. Ali, naquele ângulo turtuoso, lancinante, a morder-me por dentro, constante. A dor. Percebo que sustive a respiração desde que ela me acordou. Tento inspirar devagar, mas é como se estivesse a arder por dentro. Tento lembrar-me dos truques de respiração que me ensinaram mas tenho o pensamento nublado de sono. Ouço a tua respiração, descansada, profunda, de um sono pesado e calmo. Levanto-me devagar e vou de pés descalços até à cozinha. Enquanto preparo um chá para me acalmar, peço com força. Peço por tudo. Peço por mim, por ti, pelos meus pais. Imagino uma casa perfeita, no meio de uma montanha, o meu cenário de escape. Bebo o chá aos golinhos pequenos e começo a descomprimir. Doem-me as mãos de as ter contraídas. Aos poucos começo a sentir-me mais eu. O sangue a correr nos pés. A cabeça a pedir descanso. Volto para ti, deito-me quase a levitar. O meu corpo está tão cansado, como se tivesse corrido quilómetros. Ao teu lado, digo-te baixinho para não me abandonares. Que vai ficar tudo bem. Que vou fazer das tripas coração e dar a volta ao mundo contigo. Que vou ser perfeita. E é quando me sinto já a adormecer que a inveja me invade. Sorrateira. A inveja de um corpo saudável. Apresso-me a fechar os olhos e adormeço com uma dor a latejar no coração. Esta, muito mais difícil de suportar.
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Mimar as expectativas
Faltam vinte e cinco dias. Vinte e cinco. Ao olhar para o calendário são mais que muitos. Mas são vinte e cinco dias para sonhar. Para plantar, regar, mimar e ver crescer as expectativas que já estarão prontas a serem colhidas dentro de vinte e cinco dias. Depois é só embrulhá-las com muito cuidado em várias camadas de papel, acrescentar aquela proteção cheia de bolhinhas que só dá vontade de rebentar e arrumá-las na mochila das viagens. Prontinha a descolar. A primeira cidade natal está quase a acontecer!
Sim, o segundo post de Natal!
Agora que as noites já fazem parte dos dias. Saímos do trabalho já noite cerrada. Só se pensa no sofá e na mantinha quentinha à nossa espera. No chá e no bolo do chocolate antes de adormecer. Está frio lá fora e quentinho cá dentro. Espera-se ansiosamente pelas luzes que vão revestir as árvores e as ruas. Os dourados a espreitarem da janela dos vizinhos. O calor do inverno está no natal. Aquele calor que aquece desde dentro. Que sai de nós para dar aos outros. Que atravessa continentes se for preciso. Que se oferece embrulhado e se espalha pela casa. Que cresce dentro de nós durante um ano inteiro e começa a desperta nestes dias.
Whatever makes you happy
Acho que todos temos direito a uma fase. Daquelas em que nos apetece partir tudo o que está à nossa frente. Nunca atirar o telemóvel pela janela nos pareceu tão certo. Queremos estar no silêncio. Sem moralismos, sem sentidos de responsabilidade. Dar meia volta com o carro, na hora que já levamos de transito às oito da manhã, em contramão. Adormecer no meio de uma reunião tão importante para concluir que na verdade a nossa opinião nunca chegará ao céu. Comer duas tabletes de chocolate ao jantar acompanhadas de batatas fritas e ir para a cama sem lavar os dentes. Sair do trabalho a meio do dia, conduzir até ao mar e entrar na água gelada ainda vestidos. Mas será isso o suficiente para lavar o corpo e a alma do que não gostamos de fazer? Será esse grito estridente o suficiente para perceber o que queremos? Não. Queremos ir mais longe. Queremos entrar no gabinete do chefe e dizer até nunca mais. Enfiar roupas simples dentro de uma mochila onde parece que cabe o mundo inteiro lá dentro e comprar um bilhete só de ida. Entrar no avião sem saber quando voltamos a pisar esta terra. Levar medicamentos para a malária, para a varíola, para o dengue, para tudo o que seja de terceiro mundo. Levar a esperança de ajudar quem precisa. Ficar um, dois, três, quatro, cinco meses, o tempo que a nossa cabeça pedir num país em que nos sentimos úteis. Viver com o essencial. Percorrer continentes com as unhas sujas e o cabelo por lavar. Sentir a necessidade de conforto na pele e as saudade de casa. Crescer ao reconhecer como o mundo não pode ser mais longe de tudo e de todos. Como somos tão insignificantes no meio disto tudo. Como a vida é volátil e, no fundo, acaba já amanhã.
Sinto-me uma princesa
Nada acontece por acaso. A vida já fez questão de me provar isto alguma vezes. Mesmo nos momentos de grande provação, desesperantes, onde a angústia de não conseguirmos ver para lá do muro que nos impuseram mesmo à frente, nos leva a pensar no pior. Quando nos apercebemos estamos rodeados de muros de imposições, como princípes e princesas, presos no nosso castelo, sem poder para reinar. Mas a vida encontra sempre solução. Mesmo que os sonhos estejam à distância dos reinos encantados. Seja ela um princípe montado num cavalo branco, um dragão que no último momento passou para o nosso lado da batalha, ou até uma suricata e um javali. A vida encontra sempre saída. E, a maior parte das vezes, essa solução, essa força, esse factor extra, nem sequer é exterior a nós. Está dentro de nós. Demora o seu tempo, meio adormecido, mas está lá. O difícil é perceber o que ele diz. E o meu, faz mímica.
A felicidade das manhãs de sábado
Pegar na farinha, aquecer a água, meter as mãos lá no meio, sujar-me, ver crescer no quente, levar ao forno e comer ainda quentinho com manteiga.
Há melhor forma de começar o fim-de-semana?♥
Sim, o primeiro post de Natal!
Quem me conhece sabe que vibro com o Natal. Alíás, sou pessoa para gostar mais do inverno do que do verão porque há Natal. Talvez tenha sido uma sortuda desde pequenina, porque sempre tive uma grande estabilidade familiar e laços felizes e apesar de o Natal ter sido sempre diferente ano após ano, foi sempre passado com as pessoas que amo. Nunca faltou comida na mesa, luzes de natal, músicas e presentes debaixo da árvore. É por isso que sou tão feliz no Natal. É por isso que não vou deixar de celebrar o que me faz feliz.
E faltam dois meses!
(tudo Ikea)
Pequenos prazeres
Vi dois ou três episódios aleatórios e foi o que bastou. Fiquei imediatamente apaixonada pela série Parenthood. Uma família gigante, como a que gostaria de ter, sempre em constante movimento. E não falo de movimento físico, mas de movimento emocional. Não é levada ao extremo, não tem dramas só porque sim nem finais de temporada arrebatadores. É um série baseada na vida real, onde não acontecem explosões, assassinatos, festas glamurosas ou envolvimentos entre personagens deixados ao acaso só para prender o público. É muito terra a terra e consegue passar para este lado as dificuldades entre laços familiares. Todos têm os seus problemas. Todos lutam por eles em conjunto. As cenas de natal, as visitas a um deles no hospital, a ginástica diária para manter tudo em ordem e ser-se feliz com pequenas coisas da vida. A família no seu melhor.
O amor que eu escolhi
Passear de mãos dadas contigo, olhar para ti como se fosse a primeira vez, sentir pele de galinha sempre que me tocas, sempre que falas baixinho comigo, ver o mundo desaparecer à tua volta e ficares só tu. Só meu. Só naquele instante, em que tudo é relevante, tudo é minúsculo e insignificante ao pé de ti. Sentir o teu calor na minha mão e o meu coração a arder de ti. Querer ser pequenina para sempre no teu colo, não deixar de olhar para ti nunca, mesmo que a vida nos separe. Mesmo que a felicidade não nos deixe ser ainda mais felizes. Porque vais ser o meu amor número um para sempre. Mesmo que some outros amores ao nosso. Mesmo que o teu amor por mim fique mais pequenino. O meu vai valer pelos dois.
Lazy Sundays
Cá em casa existe um calendário cultural feito assim que entrámos no Outono. Sempre que possível, aos domingos, vamos visitar museus, mosteiros, praças e recantos por esse país fora.
Hoje, para inauguração, tivemos um brunch delicioso e demorado seguido de uma visita ao monumento que representa o expoente máximo do estilo manuelino.
Amanhã desvendo este passeio com fotos.
A história da marmelada
Quando penso em marmelada penso na minha avó. Desde sempre, assim que se fazia sentir os dias mais frescos e as primeiras gotas de chuva, lá vinha da avó a tacinha de marmelada quentinha acabada de fazer. Devorava-a até ao Natal, nos pequenos almoços, lanches, quando a fome apertava antes de adormecer ou mesmo quando a preguiça do jantar se instalava aos fins de semana e esta fazia companhia a um prato de sopa. Hoje foi dia de inverter os papéis. Os marmelos vieram dos avós, é certo, mas descascou-se, cozeu-se e triturou-se a marmelada cá em casa. E agora ali está ela, já protegida pelo papel vegetal pronta a ser oferecida à família. Porque começam os dias de cuidarmos deles, como eles cuidaram de nós.
Aderir às redes sociais!
E já estamos a partilhar coisas boas no FACEBOOK.
Com novas imagens e novas cores. Porque parar é morrer e mudar é crescer.
Não é preciso ser sexta feira 13
Tenho para mim que há pessoas e dias que não conjugam. Eu e a sexta feira, por exemplo. Não há sexta feira que não me caia uma bomba em cima. Que não me espete numa parede a mil à hora. Que não entre no fim de semana a desejar que isto pare de uma vez. Que é demais para uma pessoa só. Mas desta vez é demais para duas. Desta vez traz-me sensações reprimidas e vontades que escondo para mim. Desta vez estão a passar por cima de mim e de ti. Intencionalmente. E tu não mereces. Tu que me alimentas os dias e a vida. Não mereces. Não mereço. Não merecemos. Nós que não temos férias há mil anos e que já estamos a entrar em histeria. Nós que merecíamos o que a vida tem de melhor, nem que fosse por uma semana. Nós. Que acabamos de ver as férias que planeamos há meses voarem-nos das mãos porque há pessoas sem sentimentos, sem coração, sem ponta de sensibilidade. E Deus me perdoe, mas desta vez só me apetece cometer uma loucura e mandar tudo ao ar. Esquecer-me das regras, das etiquetas, da moral. E defender-te. E defender-me. Defender o que merecemos.
A inspiração vem de dentro
A inspiração vem de onde menos se espera. De uma música, de uma imagem, de duas pessoas a despedirem-se no meio da rua. Muitas vezes a meio da noite. Palavras que se escrevem atrás de palavras, vírgulas entre elas, pontos finais e reticências para na manhã seguinte lembrar-me apenas de metade. Mas o que não se perde é a memória visual, fica gravada para sempre dentro dos nossos olhos e faz questão de nos desinquietar. Mas uma inquietação boa. Daquelas que nos dão água na boca para fazer mais e melhor, para nos rodearmos de coisas com boa energia, de sorrisos, de comida saudável, de pensamentos felizes e sentimentos que nos fazem ganhar o dia.
Já conhecem o At.home?
A inspiração é garantida ♥
Perfeição a quanto obrigas
Acho que tenho uma veia decorativa. Isto porque sempre que estou mais de cinco minutos a olhar para qualquer coisa penso sempre nas mil e uma possibilidades de mudá-la, moldá-la ao meu gosto, dar-lhe cor ou suaviza-la com tons pastel, alterá-la na forma e na textura, enfim. A decoração desta casa nunca vai terminar. Para já porque é antiga e precisa de se ir modernizando, por outro lado porque não sou menina de ter a mesma decoração por muito tempo. Gosto de ir variando, gosto de entrar em casa e surpreender-me com qualquer coisa de novo que não estava lá antes. Gosto de fazer planos e listas sempre que estou prestes a adormecer. Como foi o caso desta casa de banho. Peguei em imagens campestres, rústicas, suaves e idealizei-a. Para mim está perto da perfeição. Perto. Porque perfeita nunca vai estar... :)
Can you hear me?
"There’s this playground game that kids play. They lock hands and on the count of three, they try to snap each others fingers off. You hold out as long as you can or at least longer than the other guy. The game doesn’t end till someone says stop, cries mercy. It isn’t a fun game.
…
In the game of mercy, when one kid cries out, the other one listens and the pain stops. Don’t you wish it was that easy now? It’s not a game anymore and we’re not kids. You can cry mercy all you want but nobody’s listening. It’s just you screaming into a void. "
…
In the game of mercy, when one kid cries out, the other one listens and the pain stops. Don’t you wish it was that easy now? It’s not a game anymore and we’re not kids. You can cry mercy all you want but nobody’s listening. It’s just you screaming into a void. "
Grey's Anatomy
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