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A superioridade para quem não a merece

Paciência. Tolerância. Assertividade. São qualidades distintas que nos definem enquanto boas pessoas. Devemos contar até dez. Inspirar e expirar. Fugir porta fora e acender um cigarro, engolir as palavras que nos crescem na garganta e deixá-las escapar nas baforadas de fumo. Há momentos para enfrentar situações que nos magoam, há momentos para virar costas e manter a integridade, há momentos em que nos fechamos no carro e gritamos a plenos pulmões, há momentos em que as lágrimas fazem força para sair e evitamos a todo o custo mostrarmo-nos inferiores ou frágeis em frente aos outros. E depois há os momentos, mais acertados, em que percebemos que há quem não mereça essa superioridade, esse respeito e subtileza. Em que todos os sentimentos se misturam, criam raízes nas cordas vocais e deixam escapar palavras que não deviam ser ditas. Daquelas que nos libertam a raiva e a frustração de perceber que há quem esteja contra nós só porque sim, que por mais comedidos que sejamos vamos sempre chocar de frente a mil à hora. Pessoas incompatíveis, pessoas más de espírito, pessoas que nos tiram do sério e nos põem à prova todos os dias da nossa vida. Pessoas que não fazem parte do mundo que idealizamos para nós, que trazem a chuva, o frio e a desilusão, que nos mostram o pior que há cá dentro. Que nos fazem o coração parar e saltar o batimento ritmado e tão necessário ao nosso bem estar. Pessoas que mais tarde ou mais cedo nos vão destruir em mil pedaços, que não merecem respirar o mesmo ar deste mundo que afinal é tão mais simples, tão mais bonito, tão mais gratificante e tão mais luminoso se elas simplesmente não existissem.
 
 
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